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Thaís Borges

  • Foto do escritor: Mulheres Positivas
    Mulheres Positivas
  • 28 de out.
  • 7 min de leitura

Nossa Mulher Positiva é Thaís Borges, Diretora Comercial e de Marketing da Systax, investidora-anjo, com trabalhos em liderança feminina e impacto social no Brasil. Com mais de 20 anos de experiência no setor de vendas e soluções tributárias, Thaís construiu uma carreira sólida e inspiradora, rompendo barreiras sociais desde sua infância na periferia da Zona Norte de São Paulo. Ao longo de sua trajetória se destacou pela habilidade em gerar resultados e transformar desafios em oportunidades.


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1) Como começou a sua carreira?

Minha carreira começou no pequeno negócio dos meus pais. Ainda menina, eu já estava ajudando na sorveteria da família, aprendendo a lidar com clientes, a organizar o caixa e, principalmente, a assumir responsabilidades. Foi ali que entendi que, mesmo muito jovem, o meu esforço fazia diferença real no resultado do trabalho.


Mais tarde, trabalhei como recepcionista, função em que aprendi a importância da postura profissional, da organização e da forma como a gente recebe as pessoas. Em seguida, estagiei em um banco, onde tive meu primeiro contato mais direto com o ambiente corporativo, entendendo a seriedade dos processos e a disciplina exigida no dia a dia.


Mas foi no telemarketing que minha história começou a ganhar outra dimensão. Eu percebi algo que se tornou um divisor de águas na minha vida: quanto mais eu dominava o conhecimento sobre o produto, mais eu vendia e mais eu ganhava. Esse aprendizado despertou em mim uma paixão que me acompanha até hoje: vendas consultivas. Eu nunca fui a vendedora do discurso pronto; meu diferencial sempre foi mergulhar no conteúdo, traduzir para o cliente e mostrar o valor real.


Esse empenho me levou a encarar um grande desafio: a disputa por uma vaga em um time recém-criado de vendas premium, voltado para clientes de alto nível e vendas externas. Foram 46 candidatos internos concorrendo por uma única vaga. E eu consegui. Essa conquista me marcou profundamente, porque mostrou que dedicação e preparo técnico me colocavam à frente, mesmo em ambientes altamente competitivos.


Nas vendas externas, o conhecimento técnico se tornou meu maior trunfo. Eu estudava cada detalhe, cada especificidade, para entregar segurança e clareza ao cliente. Essa postura me destacou a ponto de me tornar a executiva de contas mais técnica da empresa. Foi justamente essa reputação que me abriu a oportunidade de iniciar um novo projeto fora dali, dando início a uma fase ainda mais desafiadora.


Sempre gostei de vender, mas descobri que minha verdadeira paixão estava no processo de venda consultiva, que é ouvir, compreender profundamente, traduzir complexidade em clareza e ajudar o cliente a decidir com confiança. Esse gosto pelo conhecimento e pela forma de vender foi o que me levou, mais tarde, ao universo tributário, quando cheguei à IOB e decidi me tornar referência estudando profundamente cada produto. Desde então, sigo movida por coragem, persistência e a convicção de que conhecimento intencional abre portas e constrói futuros.


2) Como é formatado o modelo de negócios da Systax?

A Systax é uma empresa de tecnologia para a área tributária e nasceu da inquietação de transformar um dos maiores desafios das empresas brasileiras — a complexidade tributária — em um diferencial competitivo. Nós estruturamos mais de 29 milhões de regras fiscais, algo único no mercado, que serve como a base do nosso modelo. Essas regras podem ser integradas diretamente a ERPs como SAP e TOTVS, ou acessadas por meio de um motor de cálculo para cálculo dos tributos, sempre com a curadoria de especialistas que garantem precisão e conformidade.


Na prática, isso significa que uma empresa que vende para diferentes estados, cada um com suas próprias exigências fiscais, encontra na Systax a tranquilidade de estar em conformidade sem paralisar sua operação. Transformamos o que seria uma dor em eficiência. Também temos um time que acompanha a legislação das regras federais, nos 27 estados e um número enorme de municípios, para que o cliente possa operar com regras fiscais atualizadas, evitando riscos.


Nosso modelo une tecnologia de ponta à inteligência humana. É isso que faz com que grandes indústrias, multinacionais e varejistas confiem em nós, pois não somos apenas um fornecedor de software, mas um parceiro estratégico que ajuda a transformar o complexo em simples. Sinto um enorme prazer em participar do processo de construção da empresa e da sua história.


3) Qual foi o momento mais difícil da sua carreira?

Foram muitos, mas dois me marcaram profundamente. O primeiro foi na época em que precisei conciliar mais de um emprego ao mesmo tempo. Eu trabalhava o dia inteiro, estudava à noite e ainda encontrava algumas horas na madrugada para revisar matérias ou preparar entregas. Dormia pouquíssimo e, muitas vezes, ia para um trabalho direto do outro. Lembro de me perguntar repetidas vezes se aquele sacrifício faria algum sentido no futuro, se todo aquele esforço realmente iria me levar a algum lugar. Era exaustivo, mas, no fundo, eu sabia que estava construindo algo maior, mesmo sem enxergar exatamente o destino. De alguma forma eu sentia que lá no fundo a recompensa viria. E veio.


O segundo episódio foi ainda mais duro, porque tocou em uma ferida muito mais profunda. Eu já tinha experiência, já estava preparada e confiante, mas, ao disputar uma vaga em um banco, ouvi claramente que o meu perfil “não era para atendimento ao público”. Eu entendi imediatamente o que estava por trás dessa frase. Não era sobre competência ou habilidades, era sobre cor da pele, sobre preconceito. Voltei para casa arrasada, com uma dor que não se explica em palavras.


Mas naquela mesma dor nasceu também um fogo interno. Eu decidi que não iria me dobrar diante de um sistema que não me aceitava. Se não houvesse espaço para mim, eu criaria os meus. Transformei aquela rejeição em combustível, e essa energia me acompanha até hoje. Aquilo que poderia ter me paralisado virou motor de movimento.

Esses dois momentos me ensinaram algo essencial: que a força nasce muitas vezes da escassez, do limite, da rejeição. E que o caminho para a superação é acreditar, mesmo quando ninguém acredita por você. Se hoje eu falo sobre furar bolhas, é porque vivi de perto o peso de barreiras visíveis e invisíveis e aprendi a transformá-las em pontes.


4) Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora?

A vida me ensinou desde cedo que eu não poderia me dar ao luxo de apenas sobreviver, eu precisava florescer. Vinda do contexto periférico, entendi que o equilíbrio não seria sobre perfeição, e sim sobre presença e intenção. No início da maternidade, como acontece com muitas mulheres, me sentia um pouco culpada, mas a terapia me ajudou muito nesse contexto, e que o que importa é realmente a presença.


Hoje, abraço a multiplicidade de papéis que desempenho como executiva, empreendedora, mãe, mentora, mulher. Sei que não dou conta de tudo ao mesmo tempo e tudo bem. O segredo está em priorizar com consciência. Me cuidar é parte essencial da minha performance. Ter tempo de qualidade com meus filhos, respeitar meus limites, ouvir meu corpo e minha alma: tudo isso virou rotina, não exceção.


O maior equilíbrio que conquistei foi o de me permitir ser inteira em cada espaço que ocupo. Isso inclui me permitir falhar, recomeçar e me reconectar, dia após dia, com o que me move.


A pandemia escancarou o que já estava latente: eu não sou várias mulheres tentando dar conta de tudo, eu sou uma só. Uma mulher só inteira, complexa, imperfeita, mas alinhada com seus valores e suas escolhas. Hoje, não busco uma linha reta entre a vida pessoal e a profissional. Eu desenho pontes entre elas, todos os dias. E é assim que sigo inteira, mesmo quando em partes.


5) Qual seu maior sonho?

Meu maior sonho é que mais pessoas possam furar suas próprias bolhas sociais, emocionais, mentais. Que tenham coragem de desafiar os limites impostos pelo lugar de onde vêm, pela cor da pele, pelo gênero, pelas expectativas alheias.


Quero que a minha história funcione como uma chave. Que ela abra portas, desbloqueie caminhos e mostre que é possível chegar, mesmo começando de longe. Sonho em inspirar pessoas, sejam jovens e outras mulheres da periferia, a enxergarem novos futuros e acreditarem que não precisam se encaixar em padrões para vencer.


Também sonho com um país mais justo, onde o CEP não define o destino e onde oportunidades, conhecimento e rede sejam acessíveis para todos. E vou além, pois quero causar impacto global, contribuir com projetos que transformem realidades em diferentes partes do mundo. Há muita dor e muita desigualdade que pode virar ponte. Há também muita potência esperando ser ativada.


Não se trata só de inspirar, quero agir, investir tempo, energia e recursos em iniciativas que mudem realidades de verdade, não só com palavras, mas com ferramentas, estrutura e apoio.

No fim das contas, meu maior sonho é viver minha missão todos os dias, deixar o mundo um pouco mais justo, mais acessível, mais humano, e saber que minha existência foi instrumento de mudança real na vida de muita gente.


6) Qual sua maior conquista?

Minha maior conquista não foi só ter vencido no mundo corporativo ou vendido minha empresa para uma multinacional global. Foi ter me tornado melhor do que a mulher que eu sonhava ser quando ainda era menina. Aquela menina que já se sentiu invisível, e que hoje comanda as próprias conversas.


Minha maior conquista foi abraçar minha origem, minha aparência, minha história e ainda assim chegar onde muitos diziam que eu não chegaria. Me orgulho de ter feito isso sem perder minha essência, sem apagar minha identidade. Me orgulho de ter me tornado uma referência, não por ser exceção, mas por abrir caminhos para que outras também possam ser.


7) Livro, filme e mulher que admira:

Livro: A Cor Púrpura, de Alice Walker. Porque é um grito silencioso de resistência e cura. Um retrato da força de mulheres que, mesmo invisibilizadas, encontram sua voz. É uma literatura que cicatriza e empodera.


Filme: Estrelas Além do Tempo. Porque mostra o poder da competência quando aliada à coragem. Mulheres negras que desafiaram a matemática, o sistema e o destino — é sobre romper barreiras onde sequer imaginavam nossa presença.


Mulher que admira: Rachel Maia. Uma mulher negra que pavimentou caminhos com ética, representatividade e firmeza. Uma líder que honra suas raízes ao mesmo tempo em que alcança o mundo. Tive o privilégio de tê-la como prefaciadora do meu livro, e sua história é a prova de que furar a bolha é possível e necessário.

 
 

Sobre Elas: Histórias que Inspiram Mudança

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