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Mariana Luz

  • Foto do escritor: Mulheres Positivas
    Mulheres Positivas
  • há 2 dias
  • 6 min de leitura

Nossa mulher positiva é Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal – instituição que completa 60 anos em 2025 e que desde 2007 se dedica à primeira infância. Membro do Conselhão, instaurada pelo presidente Lula, Mariana luta para que as crianças de zero a seis anos tenham um presente e futuro mais justo e igualitário.



1. Como começou a sua carreira?

Após me formar no ensino médio nos Estados Unidos com uma bolsa de estudos, tive que tomar uma decisão: ficar lá ou voltar para o Brasil. Optei por voltar e cursar Relações Internacionais.

Meu primeiro emprego foi como professora de inglês em um curso perto de casa. Era uma ótima maneira de manter o contato com o idioma, praticar e não perder a fluência. Essa foi minha primeira experiência de trabalho com crianças pequenas e, embora eu desse aulas para todas as idades — de crianças a idosos —, foi com os pequenos que senti uma conexão especial. Fiquei fascinada ao ver a rapidez com que aprendiam e ao entender a potência daquela fase para absorver um novo idioma.

Enquanto isso, eu cursava a faculdade de Relações Internacionais. Logo depois, consegui um estágio em um centro brasileiro de Relações Internacionais — um think tank de política externa. Por causa disso, deixei o curso de inglês e iniciei minha carreira na área.

Fiquei lá por quase 10 anos, em uma trajetória de grande crescimento profissional e pessoal. Comecei como estagiária e saí como diretora institucional. Nesse período, passei por diversas áreas, desde pesquisa e captação de recursos até a manutenção de associados. Consegui unir o pilar técnico das Relações Internacionais com um olhar institucional mais amplo, especialmente ao assumir papéis de liderança.

Depois dessa experiência, recebi um convite para trabalhar na Embraer. Assumi a área de governo e, em seguida, a de sustentabilidade. Mais tarde, fui convidada a liderar o Instituto Embraer, onde atuei como diretora-presidente.

Fui então expatriada para os Estados Unidos com a missão de abrir a Fundação Embraer, a organização-irmã e braço filantrópico do instituto no país. Liderei esse projeto por sete anos.

Ao final dessa jornada, fui convidada para vir para a Fundação, onde estou há quase sete anos.


2. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira?

Toda carreira é uma jornada de altos e baixos, com momentos de grande pressão e outros mais tranquilos, fases criativas e outras puramente operacionais.

Mas, se eu tivesse que destacar o maior desafio, seria a dificuldade inerente ao trabalho com propósito. Eu vivi isso intensamente no mundo corporativo, especialmente na área de sustentabilidade, que na época era um campo ainda em amadurecimento e, infelizmente, enfrentava uma luta global para ser levada a sério por empresas e pela sociedade.

Era uma verdadeira gangorra emocional e estratégica. De um lado, a paixão de desenhar projetos, ir atrás e acreditar naquilo que você está fazendo. Do outro, uma imensa resistência — interna ou externa. A dificuldade era a ausência de um comprometimento real, que transformasse a iniciativa em algo estrutural e estratégico. Essa gangorra é muito difícil e complexa. É preciso manter um espírito resiliente para seguir em frente sem se abalar com as oscilações.

Transportando essa experiência para o meu trabalho atual com a primeira infância, o desafio se manifesta de outra forma. Atuamos em uma agenda que é, por natureza, sistêmica, intersetorial e de longo prazo. Por isso, os resultados são difíceis de tangibilizar. Não é possível ver uma grande diferença em apenas um ano, nem se trata de uma dinâmica com resultados trimestrais, onde se diz simplesmente "entregou" ou "não entregou". Não é algo binário.

No entanto, essa aposta sistêmica tem um potencial gigantesco. Quando as coisas mudam nesse nível, elas mudam para muita gente. Uma transformação positiva e estrutural altera as bases da sociedade, com o potencial de quebrar ciclos de desigualdade e eliminar a pobreza.

Contudo, a verdade é que o dia a dia é duro. É difícil olhar para a criança que não tem a qualidade de educação e saúde que merece; que chega a uma UBS e não encontra vacina; que vive em um lar com violência, sem a proteção do sistema; ou cujos pais estão ausentes e não conseguem oferecer interações responsivas.

Encarar essa realidade é muito doloroso e exige uma renovação constante da esperança, da fé e do compromisso com a causa.

Por isso, se eu tivesse que escolher apenas um grande desafio, certamente seria este: lidar com o fato de que o impacto do nosso trabalho nem sempre é palpável ou imediatamente visível.


3. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora?

O equilíbrio entre a vida pessoal e a corporativa é um verdadeiro malabarismo. É uma mágica, um exercício diário e contínuo de disciplina para manter os dois mundos organizados.

E eu não digo "separados" de propósito, pois não acredito que sejam. Na verdade, eles se misturam, porque somos quem somos tanto no trabalho quanto em casa.

Acima de tudo, eu me considero — e me dedico a ser — uma pessoa em constante transformação e evolução nos ambientes que frequento. Isso é algo que considero muito importante ter sempre presente, no nível da consciência. É uma busca constante de como liderar diariamente, mas também de como estar em casa e desempenhar meus outros papéis.

Sou mãe de duas crianças pequenas e aprendo muito com elas todos os dias. E, por coincidência ou não, meu trabalho também é com crianças — embora não diretamente com elas, mas pelas crianças. No fim, acredito que essa relação se retroalimenta. A minha vivência como mãe fortalece meu trabalho, e vice-versa, dando-me força para estar nesses diferentes espaços, oferecendo o meu melhor, mas também o que eu posso.

É fundamental entender que as limitações são reais, humanas e diárias. O mais importante não é o que acontece, mas a forma como lidamos com os fatos. É sobre como conduzimos as situações, como exercemos a autorresponsabilidade, a consciência e como refletimos sobre o que vivemos, sempre com o objetivo de aprender, evoluir e avançar.

Acredito que o equilíbrio perfeito é impossível, mas a busca por ele é fundamental. Sempre.


4. Qual seu maior sonho?

Eu sempre brinquei com as pessoas com quem trabalhei. Quando me perguntavam, "Mari, o que você quer?", eu nunca dava uma resposta profissional. Em vez disso, dizia: "Eu quero paz na Terra".

Este é, certamente, um dos maiores clichês, mas também um dos desejos mais profundos e importantes que existem. Principalmente quando entendemos que essa paz, esse lugar de equilíbrio e de transformação positiva, precisa começar dentro de cada um de nós. É sobre ser a mudança que queremos ver no mundo, um dos princípios mais valiosos que conheço.

Meu sonho é sonhar sonhos que possam ser sonhados coletivamente. Tenho uma vontade imensa de que possamos promover mudanças, mantendo a utopia como guia, mas sem jamais largar a mão da realidade nua e crua da vida.

Sonho em fazer o trabalho "mão na massa", em lutar pelas transformações necessárias em nosso país e em nossa sociedade. Meu desejo é poder fazer isso, poder entregar a minha pequena e humilde contribuição para esse grande sonho maior.

Encaro isso com um profundo senso de responsabilidade, mas também com a consciência de que o movimento do local para o global é fundamental. A ação pequena, que leva a uma transformação gigante, é a mais importante de todas.


5. Qual sua maior conquista?

Minha maior conquista é ter sempre conseguido trabalhar com o que eu realmente gosto: aquilo que me motiva e em que eu acredito.

Vejo isso não apenas como uma conquista, mas como um grande privilégio. E posso dizer que minha carreira reflete isso. Em todos os lugares por onde passei, eu queria estar ali; as escolhas foram mútuas.

Outra grande paixão que se tornou uma conquista foi dar aulas. Durante muitos anos, lecionei em universidades no Rio e em São Paulo, para turmas de graduação e pós-graduação. É algo que amo fazer. Tive que pausar essa atividade recentemente, pois, com duas crianças, não consigo mais equilibrar essa terceira grande missão. Ainda assim, me orgulho imensamente desse meu "braço" na academia.

Mas, se tivesse que resumir, diria que minha maior realização é ter trilhado um caminho no qual sinto que posso me entregar por inteiro. Consigo dar o meu melhor justamente porque há uma conexão profunda com aquilo em que acredito, com o que sei fazer e com a contribuição que posso deixar.


6. Livro, filme e mulher que admira:

Livro: Mulheres que Correm com os Lobos.

Filme: Estrelas Além do Seu Tempo (título em inglês: Hidden Figures), que conta a história das mulheres que trabalharam na NASA. Eu acho extraordinário.

Mulher que admira: Marina Silva! Apenas de admirar muitas mulheres brasileiras, com histórias incríveis e que são expoentes na música, na literatura e na política, decidi escolher alguém que está aqui, viva e na ativa, contribuindo para a mudança em nosso país. Para mim, Marina Silva representa muito do que acredito e desejo construir para o Brasil.

 
 

Sobre Elas: Histórias que Inspiram Mudança

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