Marina Montagner

Nossa Mulher Positiva é Marina Montagner especialista em marketing e executiva na indústria de fragrâncias. Ainda no primeiro ano de faculdade, ela aceitou um desafio numa grande empresa de aromas e fragrâncias e descobriu que cada fórmula conta uma história capaz de evocar emoções — foi amor à primeira “nota”. Quinze anos depois, com ampla experiência na indústria, ela orquestra perfumistas, laboratórios de P&D e equipes criativas em parcerias de co-criação que transformam lançamentos em verdadeiros desfiles sensoriais. Apesar de já ter equilibrado simultaneamente os papéis de consultora corporativa, fundadora de marca de skincare e líder de ONG, aprendeu que obstáculos são trampolins para o crescimento. Com uma rotina intencional que mescla manhãs de inspiração e finais de semana de desconexão, ela sonha em ver a perfumaria como um universo inclusivo, sustentável e repleto de propósito — e celebra como maior conquista a comunidade vibrante que ajudou a construir.

1. Como começou a sua carreira?

Comecei minha carreira de forma quase inusitada: ainda no primeiro ano da graduação em Marketing, aceitei um desafio em uma grande empresa de aromas e fragrâncias mesmo sem entender profundamente o setor. Logo descobri que cada formulação carrega uma história tão poderosa quanto qualquer campanha de publicidade — e aí me apaixonei. Nos primeiros anos, acompanhei de perto todas as etapas do desenvolvimento de um novo produto: da concepção da ideia ao lançamento na prateleira. Essa imersão me mostrou como é possível unir ciência, criatividade e comportamento do consumidor de forma única.

Hoje, 15 anos depois — com ampla experiência na indústria — sigo encantada pela capacidade dos perfumes de evocar emoções e transformar experiências.

2. Como é formatado o modelo de negócios da sua empresa?

Nosso modelo de negócios funciona como uma orquestra: liderado por um regente que conecta perfumistas, equipes de criação, laboratórios de P&D e empresas de ingredientes, firmando parcerias de longo prazo que garantem sinergia e inovação constantes. Para manter essa harmonia, promovemos atividades de co-criação — workshops colaborativos, testes sensoriais e conversas frequentes com quem vai usar a fragrância — de modo a ajustar o desenvolvimento às tendências do mercado e às expectativas do consumidor. A gestão ágil de projetos assegura que cada etapa seja executada com eficiência e responsabilidade. Por fim, celebramos cada lançamento como o desfile de uma nova coleção de moda, com experiências imersivas e storytelling envolvente, inspirando hábitos de consumo e construindo uma conexão duradoura com o público.

3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira?

No auge da minha carreira, vivi o momento mais desafiador ao assumir simultaneamente três papéis aparentemente inconciliáveis: consultora de grandes contas corporativas, fundadora da minha própria marca de skincare e líder de uma ONG que ligava projetos entre Nova Iorque e o Brasil. Minhas manhãs eram tomadas por reuniões internacionais, as tardes por planejamento estratégico e desenvolvimento de produto, e as noites, por mentorias e coordenação de conteúdo. Foi uma prova de resistência e adaptação: aprendi na prática que liderança também é sobre reconhecer seus limites, pedir apoio às equipes e delegar com confiança. Quando, finalmente, vi cada projeto ganhando ritmo e fluidez, percebi que os maiores desafios são, na verdade, trampolins para nosso crescimento e para a construção de uma carreira mais sólida e equilibrada.

4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora?

Para mim, o equilíbrio é fruto de uma rotina intencional, não de um acaso. Todas as manhãs, reservo as primeiras horas para me reconectar com o que me faz sentir viva — seja praticando esportes, meditando ou mergulhando em uma leitura inspiradora. Em seguida, entro no “modo líder”: blocos de reuniões, calls estratégicas e decisões que definem o ritmo da minha agenda. Já nos finais de semana, pratico a desconexão total — longas caminhadas ao ar livre, bate-papos e momentos dedicados ao lazer sem qualquer compromisso profissional. Essa disciplina diária me ensinou que energia e foco só florescem quando honramos nossos próprios limites tanto quanto cumprimos os prazos dos clientes.

5. Qual seu maior sonho?

Ver a indústria de fragrâncias como um universo inclusivo e sustentável, onde ciência e sensibilidade andem de mãos dadas. Quero que minha atuação seja referência global, que empodere profissionais da indústria, startups e grandes marcas a pensarem além da fragrância, conectando cultura, meio ambiente e propósito. Sonho em inspirar quem está chegando agora a enxergar a perfumaria como arte aplicada.

6. Qual sua maior conquista?

Minha maior conquista vai muito além de números: foi ter construído uma comunidade vibrante onde tendências, consumidores e criativos se conectam em um diálogo constante de troca e evolução profissional. Ao reunir esses diferentes atores num mesmo espaço de co-criação, pude ver pessoas lançando seus primeiros produtos embasadas nos nossos insights e transformando suas carreiras. Cada depoimento de quem deu esse salto me lembra de que a verdadeira liderança não está em resultados isolados, mas em inspirar mudanças duradouras e gerar impacto positivo na vida das pessoas.

7. Livro, filme e mulher que admira:

Livro: Creativity, Inc. (Ed Catmull) – lições sobre liderar equipes criativas em ambientes de alta pressão.

Filme: Coco Avant Chanel – a jornada de Gabrielle Chanel de costureira a ícone global de estilo e negócio.

Mulher: Christine Nagel – perfumista-chefe da Hermès, seu trabalho não apenas lança fragrâncias icônicas, mas inspira futuras gerações a enxergar o perfume como expressão cultural, social e ambiental.