Helena Levorato

Nossa Mulher Positiva é Helena Levorato, Neurocientista, CEO e Cofundadora da Sociedade Brasileira de Inovação. No ano passado, fundou a comunidade Mulheres que Inovam, que já reúne mais de 2000 mulheres de todo o Brasil, que desejam transformar os seus negócios por meio da criatividade e inovação. Helena é uma das palestrantes mais requisitadas do Brasil nos dias de hoje e conta que começou treinando equipes de marketing, se apaixonou pelo desenvolvimento humano e após uma longa fase de transformação, se tornou uma profissional reconhecida e uma referência em neurociência aplicada à inovação no nosso país.

1. Como começou a sua carreira?

Logo após me formar em Marketing, já atuava treinando pessoas para alavancar vendas e planejar estratégias. Com o tempo, percebi que o que faltava para a maior parte dos times era desenvolver habilidades mais humanas, criativas e menos técnicas. Então busquei outras formações em Gestão de Pessoas, Psicologia Positiva, Psicologia Organizacional e, por fim, me formei em Neurociência na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP, quando passei a investigar o processo de criar e inovar, a partir do funcionamento do cérebro. Desde então, transformei toda essa trajetória em um compromisso: o de mostrar que inovação vai além da tecnologia, que pode e deve ser aprendida, praticada e aplicada por todos, para gerar mudanças estratégicas que geram maior prosperidade.

2. Como é formatado o modelo de negócios da Sociedade Brasileira de Inovação?

A Sociedade Brasileira de Inovação é um ecossistema que conecta pessoas e empresas inovadoras do país inteiro. Criamos inúmeras comunidades, eventos e programas de capacitação como o Mulheres que Inovam, que unem prática, conexão e parcerias estratégicas com instituições que fomentam a inovação no Brasil. Além disso, certificamos empresas inovadoras, gerando um selo de reconhecimento que valoriza os projetos e empresas que geram as soluções mais inovadoras no nosso país.

3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira?

Em 2012, atravessei um dos momentos mais desafiadores da minha vida. Ao mesmo tempo que passava por um divórcio, também desfazia uma sociedade em um negócio promissor, algo que construí durante anos com muita dedicação e carinho. Mas, infelizmente, tinha depositado todas as minhas fichas (e reservas financeiras) numa parceria injusta e desonesta, e o resultado foi um prejuízo devastador, não só financeiro, mas também emocional. Com um filho ainda pequeno na época e o mundo desabando ao meu redor, me vi obrigada a recomeçar, literalmente do zero. Voltei a estudar e a me especializar ainda mais. Tudo que eu ganhava, eu investia em mais capacitação. O plano era fortalecer as minhas competências profissionais, e criar novas oportunidades. Apesar de todas as dificuldades, eu fiz uma promessa a mim mesma: eu não me permitiria olhar para atrás e lamentar, apenas focaria nos próximos passos, a cada novo dia. Eu estava decidida a reconstruir tudo de novo. Foram alguns anos de muitos ajustes e aprendizados, mas hoje tenho um orgulho imenso da minha história e vivo não só um relacionamento que me inspira todos os dias, como um trabalho reconhecido e valorizado no Brasil inteiro.

4. Como consegue equilibrar vida pessoal e profissional?

Na SBI, o profissional e o pessoal se entrelaçam. Eu divido a jornada com o meu marido, que é sócio fundador junto comigo e o meu filho, hoje com 19 anos. Eles são parte do sonho e da realidade desafiadora de liderar a maior comunidade de inovação do Brasil. Trabalhar com quem amamos, em algo que amamos, torna tudo mais significativo. Mesmo com os desafios, somos guiados pela paixão e impacto que queremos gerar, e isso faz do nosso trabalho um reflexo da nossa essência.

5. Qual seu maior sonho?

O meu maior sonho é que mais e mais mulheres tenham a chance de reconstruir suas vidas por meio de negócios inovadores, parcerias benéficas e oportunidades de crescimento. Que elas encontrem, no empreendedorismo inovador, não apenas uma fonte de renda, mas um caminho de cura, autonomia e realização. Quero ver mais mulheres liderando a inovação no Brasil, criando soluções que transformam o mundo e, ao mesmo tempo, resgatam as suas próprias histórias com dignidade e orgulho por fazerem a diferença.

6. Qual sua maior conquista?

A minha maior conquista foi não ter desistido, mesmo diante dos maiores desafios. Hoje, ter a minha família ao meu lado, construindo uma jornada valiosa na Sociedade Brasileira de Inovação, unindo o que amamos com o que acreditamos ser o caminho para transformações significativas, é a materialização de uma vitória que vai muito além do profissional.

7. Livro, filme e mulher que admira:

Livro: Antifrágil – Coisas que se Beneficiam com o Caos, de Nassim Nicholas Taleb. A essência central do livro está na ideia de que pessoas, sistemas e organizações não apenas resistem ao caos e à incerteza, mas se fortalecem com eles. Ao contrário do que é apenas “resiliente”, que suporta o impacto e volta ao estado anterior, o antifrágil cresce e se aprimora com as dores, erros, riscos e desordens.

Filme: Estrelas Além do Tempo. Uma história poderosa que conta sobre a genialidade e resiliência de mulheres que fizeram história na NASA, mesmo enfrentando preconceitos imensos.

Mulher inspiradora: Viviane Senna. Uma referência de liderança, à frente do Instituto Ayrton Senna desde 1994 . Formada em Psicologia, Viviane aplicou o seu conhecimento para transformar o legado do irmão em uma instituição que, ao longo de três décadas, já atendeu milhares de crianças e jovens em mais de 3 mil municípios. Sob a sua liderança, o Instituto funciona como um verdadeiro laboratório de inovação social, desenvolvendo programas adaptáveis e baseados em evidências para melhorar a educação pública.